— Alô.
— Oi. Ainda bem que você atendeu. Estou tão nervoso.
— Por que? São apenas 9 horas da manhã. Tem um dia inteiro pela frente.
— Você não sabe o que acabei de ler no contrato que a agente me mandou?
— Não sei mesmo. Esse contrato é aquele que paga para você escrever seu próximo livro?
— Isso mesmo. Aquele que tenho apenas uma vaga ideia por onde começar o novo livro. Você nem imagina?
— Como posso imaginar? Só junto os papéis aqui.
— Ah, é. Posso te contar?
— Depende, posso ir mexendo por aqui ou quer que ouça parada?
— Tanto faz.
— Então fala.
— Acabei de ler no contrato que, por causa de um tal adiantamento de direitos, vou ficar devendo R$ 10 mil para editora… Não é um horror?
— Só dez?
— Você não acha muito?
— Não posso comentar, mas sei de gente que deve mais.
— Jura? Como pode?
— Como eu não sei não, mas que é muito comum que andar para frente, isso é.
— O que você acha que devo fazer?
— Aceitar que vai dever 10 mil.
— Vou pensar. Não conta para a agente que liguei, combinado?
— Combinado.