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Sabor de Química

Sabor de Química
Roniwalter Jatobá
Oficina de Livros
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Jarrê, filho de Deija, gritou que tinha estiado, se não queria vadiar; falei pra ele que não queria não; pai andava numa matutação, podia não gostar, estava desde a hora da comida olhando para o mundo, morrinhento. Sem bolinação; que fosse sozinho, outra hora eu ia.

Jarrê, filho de Dalva, falou sei lá o quê, desceu a rua amassando lama, fui me achegando pra saber se pai não queria nada, tinha precisão de mim, mais me aproximei.

Pai pensava alto que tanta água como esta só em 32. Castigo de Deus.

Somente escutei o castigo de Deus, pensei que era eu o castigo, meti os pés para trás, acautelei-me para não ser visto e me encoivarei por detrás da porta, na tocaia, mão na tramela. Sestroso, fiquei que só em sentinela: o cristão morto, a gente observando pouco ligando, boca lacrada na tristeza dos outros.

Pai disse, meio amuado, pesaroso, debruçado no portal do fundo da casa, que aqui nunca foi de chover tanto, mas o que vem de cima tudo é bom, enquanto avistava a baixada coberta de água, água descendo rio abaixo num coculo de gravetos, folhas finas do canavial, até mesmo da gameleira copuda da beiradinha do rio.

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