— Agência…
— Oi. Que bom que foi você quem atendeu. Tudo bem por aí?
— Tudo e você como está?
— Nervosa. Histérica. Preocupada. Ansiosa.
— Epa. Que houve? Alguma problema de saúde?
— Não. Pode me ouvir?
— Sempre posso. Conta tudo.
— Você sabe que passei 12 meses escrevendo meu último livro, não sabe?
— Claro. Participei quase linha a linha dele.
— Exagerada.
— Tem razão, foi capítulo a capítulo. E não gostei nada nada que você deixou ele trair a mocinha do livro.
— Já falamos muito sobre essa traição. Estou preocupada com a resposta das editoras. Estou quase tendo um treco no coração.
— Por que?
— A agente me falou que as editoras já estão com o meu inédito.
— E?
— E! Como assim! Ninguém respondeu ainda. E já deu tempo de lerem o texto mais de 20 vezes. É um texto de 150 mil caracteres com espaço. Um livro de no máximo 200 páginas.
— Desde que quando os editores estão com seu inédito?
— UMA SEMANA! Fala se não é muito tempo?
— A sua semana tem cinco ou sete dias?
— Quem não entendeu fui eu agora.
— Pensa comigo. Se tem sete dias, você pensa que editor trabalha de fim de semana também. Se tem cinco dias, para você o editor trabalha de segunda a sexta. Entendeu?
— Bom, mesmo cinco dias, daria para ter lido cinco vezes. Uma vez por dia.
— E você acha que só tem o seu texto para ler na editora?
— Você está muito chata hoje. Tchau. Bipe. Bipe.
— Ai, ai, ai essas escritoras… Sempre elas.