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Eu queria que você soubesse

Eu queria que você soubesse
Marcos Kirst
SMS Editora
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Poucos quilômetros separavam o caminhoneiro Evaristo do posto de gasolina onde pernoitara na cabine apertada de seu caminhão Mercedes-Benz 1111, o Azulão. O café da manhã tinha sido bom e barato, com a fartura generosa da serra catarinense. Continuava sentindo frio porque o motor ainda não aquecera a cabine coberta pela grossa camada de gelo. Ele ainda não sabia, mas esse dia tão igual a tantos outros, jamais sairia de sua memória.

Depois da curva apertada, a estrada abriu para uma grande reta de onde avistavam-se algumas casas de colonos, as cercas das pequenas propriedades e algumas vacas que, àquela hora, já tinham sido ordenhadas e soltas novamente no pasto.

O asfalto mal conservado fazia tudo ranger. A descida forte exigia atenção redobrada no meio da neblina que ainda cobria parte da paisagem. O sol estava forçando a passagem entre as nuvens mais ralas e o dia prometia ser dos melhores para viajar os 100 quilômetros que faltavam para chegar a Vacaria. Evaristo queria entregar a carga, receber o frete, beijar os filhos e cair nos braços da mulher. Sentia saudade, mas estava quase lá. Era só uma questão de tempo. A viagem fora longa e cansativa. Mesmo assim, estava feliz: a maré baixa finalmente havia passado e sobraria algum dinheiro depois de pagar as contas da casa e mais uma prestação do caminhão.

Leia o primeiro capítulo aqui

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